Neste último artigo, relativamente ao trabalho proposto, vou explicar o último processo de cognição social: as representações sociais. Estamos inseridos num dado sistema social, tendo em comum um alargado conjunto de ideias acerca de inúmeras coisas. Assim, temos noções mais ou menos partilhadas, acerca da saúde e das doenças infetocontagiosas, do ensino gratuito, do celibato dos padres, entre outros. Estas noções comuns, úteis para darmos sentido aos acontecimentos sociais e para organizarmos a comunicação e os comportamentos no interior de grupos, são designados por: representações sociais.
Este processo define-se como sendo uma modalidade de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático e contribuindo para a constituição de uma realidade comum a um conjunto social. Ou seja, um conjunto de explicações, crenças e ideias que são partilhadas e aceites, coletivamente, numa determinada sociedade e que são produto das interações sociais. São vários os critérios que se podem invocar para evidenciar o caráter social das representações: critério quantitativo (uma representação é social na medida em que é comum a um conjunto numeroso de indivíduos); critério genético (uma representação é social na medida em que é uma produção coletiva); critério da funcionalidade (uma representação é social na medida em que desempenha papéis específicos na sociedade que a elaborou e a partilha). Por exemplo, a representação social da mulher nas sociedades ocidentais contemporâneas, para além de mãe, desenvolve uma atividade profissional fora de casa, onde procura ser bem-sucedida. No entanto, esta representação social, que aparece como desejável junto das mulheres, seria impensável no início do século XX, em que dominava a representação social da mulher como dona de casa, responsável pelos trabalhos domésticos e pela educação dos filhos.
Em síntese, a representação social é uma forma de conhecimento corrente, com as seguintes características: é elaborada e partilhada socialmente, tem uma conceção prática de organização de controlo do ambiente e de orientação dos comportamentos e das comunicações e concorre para o estabelecimento de uma conceção da realidade comum a um dado conjunto social ou cultural.
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