quarta-feira, 1 de junho de 2016

Processos fundamentais de cognição social: parte 2


Nesta segunda parte, irei focar-me num processo muito especial e misterioso: as impressões. Entre nós e todos os indivíduos, desenham-se tentativas mútuas de conhecimento e avaliação. São estas tentativas que dão origem à formação de impressões sociais, sob as quais nos iremos debruçar neste artigo.


Impressões são noções criadas no contacto com as pessoas, que nos fornecem um quadro interpretativo para as julgarmos no que elas são e nas suas reações. Isto é, são, essencialmente, processos práticos e eficazes para sabermos como são as pessoas, como agem e porque agem dessa maneira. Podemos comparar as impressões a um carimbo (uma marca) deixado por aquela pessoa, em detrimento da resolução de ações praticadas pela mesma. A produção da impressão é mútua, na medida em que o outro também produz uma impressão sobre mim. Por isso, é que a primeira impressão é a mais importante, uma vez que vai ser esta que vai definir o meu comportamento em relação ao indivíduo daqui para a frente. Por exemplo, num encontro amoroso, se eu fiquei com uma boa impressão da pessoa com quem eu estive, então eu vou ter vontade de contactá-la, de querer marcar mais encontros com o indivíduo. Contudo, a impressão com que fiquei daquela pessoa não tem necessariamente que ser recíproca. Posso ficar com uma impressão positiva daquele indivíduo e ele ficar com uma impressão negativa minha, ou vice-versa. Na base da formação das impressões está a interpretação, isto é, nós percecionamos o outro a partir de uma grelha de avaliação que remete para os nossos conhecimentos, valores e experiências pessoais. Alguns indícios explicam o modo como formamos uma impressão de uma pessoa, num primeiro encontro. São eles: os indícios físicos (onde podemos incluir as características físicas, as expressões faciais e os gestos); indícios verbais (remete para o modo como o indivíduo fala); os indícios não verbais (como elementos, sinais, que interpretamos como indicadores: o modo como a pessoa se veste, por exemplo); os indícios comportamentais (o conjunto de comportamentos que se observam numa pessoa e que nos permite classificá-la). É a partir destes indícios que formamos uma impressão global de uma pessoa. É de, ainda, realçar que um mesmo conjunto de indivíduos pode conduzir diferentes pessoas a avaliarem de forma distinta o mesmo ser humano.

Em suma, é comum, no processo de formação das impressões, fazermos uma avaliação geral da pessoa a partir de algumas características ou traços que observamos na interação com ela ou que nos foi referida por outros. Neste sentido, a avaliação é feita de acordo com determinados indícios que facilitam a nossa compreensão e permitem uma classificação mais válida de um cidadão.

                                                                                                                          Cristina Botelho

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