O que é o ser humano? (Quem sou eu?)
Introdução: Uma nova revolução paradigmática?
Temos alguns autores que consideram que as grandes
revoluções da era moderna são três, e que essas nos fizerem mudar as conceções
relativamente a nós mesmos. Há três grandes nomes associados a essas conceções
tais como: Freud, Copérnico e Darwin. As três revoluções tiveram
consequências epistemológicas imediatas, sobre a metodologia científica em
diversas áreas, sobretudo em astronomia, física, biologia, psicologia e
sociologia
A influência mais
profunda destas três revoluções situa-se, de facto ao nível das nossas
conceções filosóficas e religiosas. Prevê-se que possamos estar presentemente
no início de uma nova revolução. Uma revolução provocada
pelos rápidos desenvolvimentos das ciências cognitivas que se têm verificado
sobretudo a partir de meados do século XX, e cujo fim e implicações não se
vislumbram ainda por completo, permanecendo em aberto diversas hipóteses quanto
a desenvolvimentos futuros. Neste momento o que apenas se pode dizer é que o
impacto desta nova revolução levada pela pelas ciências cognitivas é bem mais
forte do que as anteriores.
As ciências cognitivas e a pergunta: “O que é ser
humano?”
O que se fala sobre as ciências cognitivas: “o estudo
interdisciplinar dos processos cognitivos envolvidos na aquisição,
representação e uso do conhecimento humano, incluindo em particular o estudo da
linguagem natural, memória, resolução de problemas, aprendizagem, visão e
raciocínio” Para outros são “o conjunto de investigações interdisciplinares que
procura explicar a atividade inteligente, quer a que é própria dos seres vivos
(especialmente humanos adultos), quer a das máquinas.” Todas elas acentuam numa
ligação entre cognição ou conhecimento e ação ou comportamento.
Mark Johnson e George Lakoff têm já uma opinião formulada
sobre o assunto, dizendo: “A mente é por natureza incarnada. O
pensamento é na sua maior parte inconsciente. Os conceitos abstratos são
largamente metafóricos”.
Crick e Flanagan sobre a alma humana
A questão da existência e da natureza da alma humana
constituem atualmente uma das questões mais debatidas pelos autores que
desenvolvem a perspetiva filosófica das ciências cognitivas, dado que se trata
de um conceito no qual converge muito da tradição filosófico-teológica
ocidental, e que aparece tradicionalmente associado ao conceito de corpo,
criando assim um dualismo hoje posto em causa.
O autor considera que, cientificamente falando, se trata
de um conceito desnecessário para a compreensão do mesmo ser humano. Dizendo: “Um neurobiólogo moderno”, afirmando ele, “não
precisa do conceito religioso de alma para explicar o comportamento dos humanos
e de outros animais.”
O
ser humano como relação
A dimensão relacional do corpo humano e de todas as suas
capacidades, nomeadamente as de natureza neurobiológica, é que permite superar
o ponto de vista individual e ver o ser humano como pessoa. Nesta perspetiva,
domínios como a filosofia, a ética e a religião aparecem pouco transformados,
mas não no sentido proposto pelas ciências cognitivas que são, também elas,
substancialistas, já que se baseiam num substancialismo de tipo neurobiológico.
Isto vem mudar também o conceito de alma e o correspondente conceito de
imortalidade. “A imortalidade concebida pela Bíblia não é fruto da própria
capacidade daquilo que, por si mesmo, é indestrutível, mas da participação no
diálogo com o Criador, trata-se de uma imortalidade dialógica”.
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