terça-feira, 24 de novembro de 2015

Eu, como ser biológico





A resposta às perguntas “Quem sou eu?” e “O que sou eu?” exige que viajemos no tempo e tentemos compreender-nos como seres do Universo, como espécie viva que se desenvolveu neste planeta e, como pessoas que se constituíram numa determinada sociedade e cultura.



Desde o momento da conceção, somos definidos pela nossa constituição genética, herdada da geração anterior e pelos fatores do meio que nos rodeiam e com os quais interagimos permanentemente. A hereditariedade é um conjunto de processos biológicos que permitem transmitir informação genética de uma geração para a outra. Essa informação genética assegura a conservação das características como as da espécie (hereditariedade específica). Por outro lado, permite que cada indivíduo seja distinto dos outros membros da sua espécie, graças a uma recombinação única desses caracteres (hereditariedade individual), por exemplo a cor dos olhos e do cabelo. Na base da hereditariedade está o genótipo ou genoma (o conjunto de genes que resulta da combinação da informação genética da mãe e do pai). É depois, ao longo da vida e consoante a influência do meio que esse plano poderá tomar várias formas. Às características observáveis do indivíduo dá-se o nome de fenótipo. O fenótipo é o resultado da interação dos fatores ambientais com o genótipo. Mesmo os gémeos verdadeiros, com o mesmo genótipo e ambientes semelhantes acabam por se tornar física e psicologicamente diferentes. Desde o momento da conceção, o meio exerce influência sobre o indivíduo, a alimentação e a saúde da mãe, por exemplo, condicionam o desenvolvimento do embrião ou o meio social com que interage o bebé depois de nascer. Para além disto, surge, na sequência da ânsia na satisfação das necessidades do indivíduo, a importância do controlo dos instintos (impulsos), definidos como comportamentos inatos, automáticos, involuntários, inconscientes. Estes, são impulsionados pelas necessidades, são caracterizados como resposta mental e como estímulo (decidido pela espinal medula). A necessidade que o indivíduo tem de comer, é um exemplo de instinto. Com efeito, podemos diferenciar 3 géneros de instintos: o de sobrevivência comum a todo o ser vivo (dormir, beber, regular a temperatura do corpo); de vida (EROS), que visa a criação, o amor, a atração e, em oposição, o instinto de morte (THANATOS), onde vigora a destruição, o ódio, a repulsão, ou seja, não há vida sem morte, porque para sobreviver é preciso matar.



Em conclusão, a dimensão biológica é vital para a definição das perguntas “Quem sou eu?” e “O que sou eu?”, sendo que o desenvolvimento humano se faz gradualmente por sucessivas transformações e modificações que resultam da ação, tanto do meio como da componente hereditária, tanto da vertente relativa à satisfação das necessidades humanas como dos instintos e, efetivamente, todos são importantes na missão do que somos e nas capacidades que desenvolvemos ao longo da vida. 


                                                                                                               Cristina Botelho

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