A
Psicanálise caracteriza-se como uma corrente da Psicologia que procura o
fundamento oculto dos comportamentos e dos processos mentais, com o objetivo de
descobrir e resolver os conflitos intra-psíquicos geradores de sofrimento. A
Psicanálise define-se como método terapêutico assente numa relação profunda
entre o psicanalista e o paciente.
Uma das mais importantes descobertas de Freud
relaciona-se com a sexualidade infantil. O psiquismo humano forma-se a partir
dos conflitos que, desde o nascimento confrontam os instintos sexuais (a
Líbido) e a realidade. Podemos dizer que, em termos psicanalíticos, nós somos o
resultado da nossa infância.
Outra descoberta importante remete-se ao facto de a nossa
mente consciente não controlar todos os nossos comportamentos. Mesmo os nossos
atos voluntários, resultantes de uma deliberação racional, estão dependentes de
uma fonte motivacional inconsciente.
A descoberta do
inconsciente: o desejo e a satisfação são elementos inerentes à nossa vida
psíquica. Todos os nossos comportamentos resultam de uma fonte energética inesgotável,
cuja manifestação assume várias formas. Trata-se do núcleo instintivo que dá
vida à nossa alma e é constituído por dois pontos antagónicos: a Líbido, o
desejo sexual, o amor, a que Freud chamou Eros; e o impulso de morte, a
agressividade, designado por Thanatos.
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A história da nossa infância “persegue-nos” ao longo da
nossa vida, uma vez que é nesse período que a nossa personalidade se
desenvolve. Por essa razão, estamos sujeitos a traumas e conflitos intra-psíquicos que ficam guardados no Inconsciente e marcam a forma como nos
relacionamos connosco e perante a sociedade. Esses conflitos tornam-nos únicos.
Por isso, a Psicanálise dedica-se à análise das mensagens que o Inconsciente do
paciente envia ao Consciente, através dos sonhos, dos atos falhados e dos
desvios comportamentais.
A estrutura da Personalidade divide-se
em três dimensões: o Consciente, dimensão mais racional; o Inconsciente, onde
está a chave para a interpretação dos nossos comportamentos ou desvios
comportamentais; e o Pré-Inconsciente, que é a dimensão intermédia entre o
Consciente e o Inconsciente e que permite que os conteúdos deste último possam
aceder ao Consciente sem provocar perturbações.
O Inconsciente corresponde aos conteúdos instintivos
involuntários, bem como aos conteúdos recalcados ao longo da vida do indivíduo.
Esta dimensão caracteriza-se por não esquecer nada, ou seja, todos os conflitos
da vida de cada indivíduo ficam aí retidos e guardados com a mesma vivacidade
com que foram vividos. O Inconsciente é imune ao tempo.
A
Estrutura da Personalidade 2ª tópica divide-se igualmente em
três dimensões:
- O Id: constitui “o reservatório da
energia psíquica”, onde se localizam as pulsões. É formado por instintos,
impulsos orgânicos e desejos inconscientes.
- O Ego: soma total dos pensamentos,
ideias, sentimentos e perceções sensoriais. É a parte mais superficial do
indivíduo, que tem como funções a comprovação da realidade e a aceitação de parte
dos desejos e exigências dos impulsos do Id.
- O Superego: é inconsciente, é a censura
das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao Id, impedindo-o de satisfazer
plenamente os seus instintos e desejos.
Desenvolvimento da Personalidade:
Freud encontra duas premissas essenciais à Psicanálise, que são as ideias de existência
do Inconsciente e a da sexualidade infantil. Baseado nestas premissas organizou o
processo de desenvolvimento em estádios:
- 1º Estádio: Oral (0 - 12/18 meses):
Líbido centrada na boca; a satisfação é obtida através desta.
- 2º Estádio: Anal (12/18 meses - 3/4 anos):
Líbido centrada no ânus; a satisfação é obtida com a retenção e a expulsão das
fezes.
- 3º Estádio: Fálico (3/4 anos – 5/6
anos): a Líbido está centrada nos genitais e a satisfação é obtida pelo toque
nestes últimos.
Sofia Fernandes, nº17 12ºC