segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O ser humano e a cultura

“Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto de crianças isoladas”

Lucien Malson, As crianças selvagens

Sermos humanos é mais do que fazer parte de uma espécie de seres com uma determinada biologia, depende da inserção em contextos sociais e culturais, onde assimilamos conhecimentos sobre formas de ser e de nos comportarmos. Por outras palavras, o Homem, para ser reconhecido como tal, depende tanto da herança genética como da cultura. 
As crianças selvagens, que cresceram sem qualquer tipo de contacto social, são frequentemente utilizadas como um exemplo para comprovar o carácter fulcral da cultura na construção do ser humano. Pois, geralmente, quando são encontradas, estas não possuem uma linguagem verbal e o seu comportamento não é considerado civilizado e adequado à convivência com outros da mesma espécie. Para além disso, as crianças selvagem apresentam uma instabilidade emocional, pois não sabem exprimir as suas emoções, como defende Lucien Malson quando afirma que " o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto de crianças isoladas.". A humanidade, nestes casos, é praticamente irreconhecível. As atitudes e os comportamentos destas crianças são difíceis de interpretar pelo resto da sua espécie dita "civilizada", inserida numa cultura.  
Concluindo, tendo em conta o exemplo das crianças selvagens, podemos afirmar que o contacto sociocultural molda-nos e transforma-nos nos seres humanos que somos atualmente e a sua respectiva privação conduz-nos à manutenção de um carácter puramente biológico. 

Patrícia Ferreira

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